14 Anos
Naquela época,
sofria a crise dos 14 anos, ela nem acreditava que era possível afinal já tinha
passado a dos sete. Será que de sete em sete anos ela passaria por uma crise?
Agora, ela
precisava resgatar a mulher esquecida dentro do si mesmo, porque, depois de
alguns anos atuando como mãe e esposa, a mulher tende a esquecer mesmo o seu
poder real de sedução. Começa achar que ninguém mais no mundo, além do próprio
marido é capaz de admirá-la, como mulher e amante e o sexo perde o sentido,
vira rotina, sente como se não existisse outro jeito de se fazer ou outra
pessoa para fazê-lo.
Então, naquele dia
ela decidiu que faria algo diferente, se vingaria do marido, se vingaria de
todas as coisas que ele fez, só ela sabia o quanto a magoou, ela nem acreditava
que teria coragem de ir adiante, mas foi.
Numa manhã de
sábado acordou, sabia que era hora de se preparar, sabia também que não iria
deixar faltar nenhum detalhe, escolheu uma bela lingerie, se perfumou, pegou as
bijus perfeitas, combinando com as roupas, se olhou no espelho várias vezes, o
marido certamente desconfiou que aquele não seria um dia comum para a mulher,
ela lhe disse que encontraria uma amiga do trabalho, afinal, qual justificativa
poderia dar, só pegaria no trabalho às 15h e estava saindo de casa 9h.
Então ela foi, foi
rumo àquela aventura seguindo o instinto de mulher ferida, e quanto mais
alimentava a frustração mais tesão ela sentia, o marido certamente tinha
desconfiado, e isso até a excitava mais, não conseguia parar de pensar naquela
sensação, era como se fosse adolescente novamente, matando aula para sair com
namorado, era quase a mesma coisa ou melhor.
O encontro era às
10h, o homem era lindo, já o admirava fazia algum tempo, mas, como a relação
com o marido andava bem, não alimentou esperanças. Um negro, alto, com uma voz
sensual, de deixar qualquer uma mole. Foram direto para motel, já tinham conversado
antes, não havia necessidade de falar mais nada, queriam mesmo, agir, ela
estava doida por aquele momento, e ele cheio de tesão por ela, uma mulher que
mesmo depois de 14 anos casada nunca deixara de ser vaidosa, andava sempre
cheirosa e
bem arrumada, era
bonita mesmo, talvez até sexy, por isso, ele a desejava, tanto quanto ela a
ele.
Chegaram, não
existia mais ninguém, eram apenas dois corpos juntos, no cio, exercitando um
instinto animal que ambos sentiam um pelo outro, não tinha amor, era só uma avassaladora
vontade de ser um só corpo em diversas posições, posições inimagináveis, sem
parar, era a mistura de raças, os beijos vorazes, os movimentos, os sussurros,
os tapas, apertos e mordidas... Foram quatro horas de muito gozo e prazer e sem
qualquer limitação ela se entregou aquele homem que ela não sabia o passado,
mal o presente e menos ainda o futuro, eles estavam ali e só aquele momento
importava. Não sabiam se hora passava rápido demais ou se era uma eternidade,
porque a curtição do momento era infinita.
Só quatro horas,
acabou o prazer, acabou o sexo, sobrou uma mulher, marcada, exausta, voltando
para realidade, aquele dia nada lhe aborreceria, a vingança estava realizada,
mesmo “arrombada” ela estava feliz, e teve um dia de trabalho tranqüilo, mas
seu futuro era incerto. Ela achou que passaria despercebida, o marido notara a
exaustão, notara também as roupas e a lingerie escolhida pela manhã. Não
deixaria passar em branco, não ficaria com a desconfiança, então no dia
seguinte a convidou para almoçar, ela foi, afinal o clima não estava bom,
talvez até melhorasse. Bem, num almoço ele não iria ver as marcas da manhã
passada.
Ela enganou-se.
Saíram de carro ele a levou direto para um motel, ela pensou logo, o casamento
já estava acabado, agora então não sobraria mais nada da união de 14 anos, ele
descobriria as marcas na pele branca, descobriria também que ela não teve
limitações na manhã anterior com outro homem, que se deu inteirinha, os
vestígios estavam ainda visíveis. E ele viu. Ele viu, indignou-se com o que viu
e teve uma reação que ela não esperava, ele a pegou como nunca antes, transaram
louca e incansavelmente, fizeram amor e fazem agora sempre, todos os dias.
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