terça-feira, 12 de junho de 2012

Papel


Papel

E eu tenho culpa de ser assim?
Vítima do coração?
O tempo inteiro,
Sentindo tanto
Entrando nas histórias,
Nas novelas, nos livros,
nas histórias contadas no vagão do trem,
No banco da frente da condução
na tristeza de uma amiga...
Vivendo uma vida que não é a minha,
Chorando, sentindo junto
Sim, às vezes, eu invento
Eu ouço, eu vejo...
Eu sinto e choro e rio,
fico até enraivecida
E o único que não pergunta nada,
não ri, não duvida.
Ele... nem sei se entende
Nem sei se é gente
É o amigo papel
Papel, papel
Papel digital
Papel de pão
Papel folheto... sei lá
O que vale é o que escrevo nele
Surge então uma dúvida cruel!
O que faz do poeta um poeta,
é o que ele carrega no coração
Ou o que carrega na mão?

                                        Nana Magalhães

Arte... Religião...


Arte... Religião.

Quem entende?
Talvez nem eu
nem sei se existe a possibilidade de alguém entender
a alma de um artista
ou a de um poeta.
Arte é religião.
De um jeito muito particular
Quase surreal
A criação, o momento da criação é divino.
Não importa o que inspirou, importa a obra
A poesia é denominação
A arte de escrever, um ritual.
O motivo pelo qual decidiu-se ritualizar algo?
Não tem como saber
Só as divindades conhecem
Veja a arte.
Não precisa entendê-la
ou aceitá-la
Ela existe mesmo assim.
Concretizada.
Pelo menos assim
Não se pode dizer que “O poeta é um fingidor”
Por que ele em sua obra realizou.
Amou, sentiu, endoidou,
Dançou, sem pernas
Cantou, sem ter voz
Amou, sem nunca ter visto
Deu, sem dar
Mas não fingiu
Criou e logo...
Aconteceu.

                                   Nana Magalhães