sexta-feira, 20 de abril de 2012

À uma certa mulher


À uma certa mulher


Confesso. Não sei como descrevê-la
Mas Também,
que sentido faz ?
é bom tentar desvendar seus segredos enquanto
quieto ouço seus devaneios,
suas experiências
que meus ouvidos ainda não se acostumaram, é
me perco em teus pensamentos
misturados com tuas palavras
e me pego somente a observar.
Sinto-me fascinado, talvez
com todo este seu modo
de se mostrar
quando a verdadeira face
está intacta escondida num quarto escuro 
para não se contaminar
fico só imaginando
todas as faces que você vem me mostrar
tudo o que um dia eu nem sonhei olhar
não pense que digo por que decepcionei, não.
Gosto de todas vocês
Afinal, a vida nos ensina a ser vários seres
E você bem aproveitou todos eles
Mas ainda penso no quarto escuro
E me pergunto se você um dia vai me levar lá.


                                                               Nana Magalhães

Bichos


Bichos

Aqui estou eu no meio de todo mundo
Mas no meio de ninguém
Me vejo tão só, que nem sei quem está ao meu lado
Nem sei se sou vista de verdade
“Quero me encontrar, mas não sei onde estou”
Penso que, se eu sumir neste momento
não sentirão minha falta
de nenhum pedaço de mim
estou desaparecendo a cada instante
não fosse por minhas palavras quererem gritar
eu não mais falaria
não tenho vontade de fazer nada
minha vida está vazia exceto pelos bichos
meus bichos humanos
mais humanos que os que são
eles me vêem
eles me encontram
quando eu chego
quando eu estou dormindo
quando eu não estou falando
eles me encontram até quando não me mexo.
Não sei não, acho virei bicho então
Bicho do mato ou bicho urbano, não importa
Quero viver uma vida de animal
Talvez eu já esteja
Alguns humanos me enxergam
Apenas os sensíveis
Outros passam e só
Nem sei se quero que fiquem
nem sei se os olho também
Sei que estou aqui, só não sei pra quem.


                                             Nana Magalhães

terça-feira, 17 de abril de 2012

Conto Erótico (conteúdo para maiores)


Coletivo

Era um dia comum, ensolarado, ela voltava do trabalho, mesmo horário de sempre, morava longe, não tinha ninguém lhe esperando, morava sozinha, mulher solteira,  linda, morena, corpo pequeno, seios durinhos, mulher bem formosa. Entrou no ônibus que pegava a seletiva, “rápido”, sentou-se no último banco, lá no canto, não queria ser incomodada, queria tirar a soneca de costume, não imaginava que naquela tarde não iria dormir.
Naquele horário a condução era vazia só uns três ou quatro passageiros, algum tempo depois entrou um homem nunca o tinha visto naquele ônibus, bonito, não muito forte, mas era charmoso, cabelo preto chegando aos ombros, meio roqueiro, tinha estilo, a morena olhou, gostou e voltou a olhar pela janela, esperando o sono chegar, o rapaz sentou-se também no banco de traz ao lado da menina. Ela pensou: Com tanto banco sobrando, por que do meu lado? Ih! Vai puxar assunto. Não deu outra.
- O dia tá bem quente hoje não é? Disse ele se ajeitando.
Ela olhou pra ele, deu um sorriso meio de lado e não respondeu nada. Apenas fez que sim coma cabeça.
Ele continuou:
- Me desculpa acho que interrompi seu sono, vou ficar quieto.
Desta vez ela falou:
- Não estava dormindo. Só pensando.
_ Hum... Respondeu, olhando fixamente para o rosto da menina, deixou cair os olhos para o restante do corpo, ela estava de vestido com as pernas meio abertas, bem relaxadas.
Ele não falou nada, deixou a mão cair na perna dela e ficou acariciando as coxas.
Ela não teve reação, deixou, olhou para a mão dele encostou a cabeça no banco e fez que ia dormir.
Ela pensou: O rapaz era bonito afinal, que mal tinha? Podia ser um maníaco, estar armado, mas e daí? Não poderia fazer muita coisa num coletivo, de qualquer maneira a menina observou se tinha algum volume na cintura antes de encostar a cabeça no banco, só pra ter certeza que ele não estaria armado, e viu também que ele não tinha bolsa.
Ele continuou com a ousadia e partiu para a parte de dentro da coxa, começou a massagear com o dedo o grelo, ele agia como se nada estivesse acontecendo, o rosto sem nenhuma alteração, olhava para frente e às vezes para a moça, mas ela “jogava” como ele, agia como se nada estivesse acontecendo só ele e ela sabiam o quanto estava bom, porque ela já estava molhadinha. O ônibus entrou na seletiva, agora ninguém mais entraria ou sairia do ônibus durante algum tempo. E ele se aproveitou claro, enfiou dois dedos na buceta dela, ela queria gemer, mas não podia ou chamaria a atenção do restante dos passageiros e pelo visto não era isso que ele queria.Ffalou baixinho no ouvido dela:
- Meu prazer é te dar prazer, posso continuar?
Enquanto falava intensificava os movimentos com os dedos, e ela estava quase soltando gemidos, e suspirou que sim. Neste momento ele abaixou-se na frente do banco abrindo as pernas dela e a menina arregalou os olhos de espanto, não acreditava que ele estava fazendo isso e menos ainda que ela estivesse permitindo, o rapaz abocanhou-lhe o sexo, lambeu, mordeu, chupou gostoso e a menina em delírios, queria gritar, se contorcia de prazer.
O rapaz sentou-se novamente no banco ao lado dela, pegou a mão dela e a fez sentir o quanto ele estava gostando, ela gostou, o volume era grande, ele pegou no bolso um preservativo e falou no ouvido dela novamente, não vou fazer se você não quiser. Ela disse: eu quero.  Ele tirou “o menino” da calça colocou preservativo, não pediu que ela o tocasse nem que o chupasse, apenas fez que ela se virasse um pouquinho, levantou o vestido dela, a calcinha pequena já estava bem molhada, afastou mais um pouco e encaixou- se nela, meteu mesmo, com vontade, ela com as mãos na janela, quase batendo, tentando não fazer barulho, incrível, ninguém olhava para trás, ninguém percebia e aquilo a excitava ainda mais, ela estava metendo no ônibus com um desconhecido bonito e gostoso, não aguentou e gozou logo bem gostoso no pau daquele estranho, gozou como nunca tinha gozado antes, gozou em silêncio, e ele também.
 Estava com o coração em disparado, ela havia percebido, ele então se ajeitou tentando voltar ao normal, depois abaixou a alça do vestido dela e mamou um pouquinho em seus seios, enquanto tirava a calcinha dela, a menina nem percebeu que tinham acabado de sair da seletiva, e num gesto rápido ele levanto-se e levantou também a alça do vestido dela e foi caminhando para a porta de saída, ele estava com a calcinha enrolada na mão a colocou no bolso e deu uma última olhada para a garota antes de descer.
Ela suspirou, deu um grito, assim meio pedido, depois que ele saltou, assustou o restante dos passageiros que olharam para trás, ela indiferente, encostou novamente a cabeça no banco e fingiu que ia dormir.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Metamorfose

A carta 

Me sinto tão perdido
Decepcionado...,
não sei se comigo...,
se com você...
Talvez ninguém tenha culpa, mas talvez, eu sim
Confiei demais. Normal
Amei demais, e isso também era normal
Afinal de contas temos laços que nos unem
Ou pelo menos deveriam, não é mesmo?
Passei noites chorando, é verdade, eu também choro.
Chorei tentando compreender os motivos e onde foi que errei
Especulei muitas coisas...
Questionei até se o meu amor, pelo menos aquele que demonstrei
Se ele foi suficiente.
Mas, se você queria mais
Não entendo porque não pediu
Por que, confesso tenho muitas habilidades
Mas este tempo todo não consegui obter o dom de ler as mentes
E principalmente a sua
[Às vezes tento entender os motivos das ações das pessoas]
E muitas vezes acerto,
Mas não agora.
Sei que mais tarde você se arrependerá
Mas, só do que está fazendo consigo
Esse arrependimento será só por isso, não por mim.
É triste pensar assim
É até cruel, mas este é o seu novo eu
Este que descobri só agora, custou aparecer, custou me convencer
Mas você mudou, e tanto, pelo menos para mim
Há quem diga que você sempre foi assim,
não importa mais
O ser humano que conheci se transformou tanto que nem sei mais da onde veio, mesmo que os registros digam que veio de mim.
Agora é um animal,
Não.
talvez essa nomenclatura seja até superior para o que você se transformou,
porque eles, os animais, se respeitam,
mesmo quando não se amam.
Se defendem quando estão em grupo
Não fazem distinção, pelo tamanho ou pelo que têm a oferecer
Cada um dá aquilo que tem para dar
E não é humilhado por isso, nem questionado,
As brigas existem, como em toda relação
Porém, instantes depois estão lambendo as feridas que ambos conquistaram na briga
Não o culpo. Mas também não me preocupo
Se nesse momento você chorou ou se uma certa amargura tomou conta de ti.
Verdade. Não me importo mais
A transformação, quando é da natureza
É inevitável
Acontece com todos,
Uns para o bem, outros para o mal
Sinto também porque me conheço
E até onde compreendo as minhas ações
Sei que por mais arrependimento que você tenha
ou demonstre um dia
Nunca esquecerei a forma monstro que você tomou
Sei que não sentirei mais nada
Sei também do vazio que você deixou
Sei que quando não há mais nada
Não se tem mais nada a perdoar ou a perder.
Fim ,
Se haverá continuação
Só o Deus sabe
... Por mim não.
                                     
                                        Nana Magalhães

Ausência


Ausência

É estranho chegar em casa e não te ver
É triste te procurar e saber que não
Vou te encontrar em lugar nenhum
Quando chego olho a mureta que você me esperava
Você não está
Te procuro na cama
Chego a ver a sua imagem deitada, encolhida ou esparramada,
Mas são, só lembranças
Você na verdade não esta lá
Não vou te ver correndo tentando pegar qualquer coisa
Com os olhos brilhantes de emoção
Brincando, tentando chamar atenção
Às vezes quando o celular desperta, espero você me acordar
Do seu jeitinho chato e especial
Esfregando seus bigodes no meu nariz
Ainda espero que você me peça carinho
E fique entre nós nos dias frios
Espero deitar de lado e ter você encolhida na minha barriga.
Estou sentindo muito sua ausência
Você está no meu dia-dia
E não ter isso é ter um buraco no peito
E ter que conviver com o vazio todos os dias
É difícil, mas, vou tentar fazer as lembranças suprirem esta ausência
E tentar sorrir lembrando
que você me fez muito feliz. 

                                 Nana Magalhães
        

14 Anos

14 Anos

   Naquela época, sofria a crise dos 14 anos, ela nem acreditava que era possível afinal já tinha passado a dos sete. Será que de sete em sete anos ela passaria por uma crise?
   Agora, ela precisava resgatar a mulher esquecida dentro do si mesmo, porque, depois de alguns anos atuando como mãe e esposa, a mulher tende a esquecer mesmo o seu poder real de sedução. Começa achar que ninguém mais no mundo, além do próprio marido é capaz de admirá-la, como mulher e amante e o sexo perde o sentido, vira rotina, sente como se não existisse outro jeito de se fazer ou outra pessoa para fazê-lo.
   Então, naquele dia ela decidiu que faria algo diferente, se vingaria do marido, se vingaria de todas as coisas que ele fez, só ela sabia o quanto a magoou, ela nem acreditava que teria coragem de ir adiante, mas foi.
   Numa manhã de sábado acordou, sabia que era hora de se preparar, sabia também que não iria deixar faltar nenhum detalhe, escolheu uma bela lingerie, se perfumou, pegou as bijus perfeitas, combinando com as roupas, se olhou no espelho várias vezes, o marido certamente desconfiou que aquele não seria um dia comum para a mulher, ela lhe disse que encontraria uma amiga do trabalho, afinal, qual justificativa poderia dar, só pegaria no trabalho às 15h e estava saindo de casa 9h.
   Então ela foi, foi rumo àquela aventura seguindo o instinto de mulher ferida, e quanto mais alimentava a frustração mais tesão ela sentia, o marido certamente tinha desconfiado, e isso até a excitava mais, não conseguia parar de pensar naquela sensação, era como se fosse adolescente novamente, matando aula para sair com namorado, era quase a mesma coisa ou melhor.
   O encontro era às 10h, o homem era lindo, já o admirava fazia algum tempo, mas, como a relação com o marido andava bem, não alimentou esperanças. Um negro, alto, com uma voz sensual, de deixar qualquer uma mole. Foram direto para motel, já tinham conversado antes, não havia necessidade de falar mais nada, queriam mesmo, agir, ela estava doida por aquele momento, e ele cheio de tesão por ela, uma mulher que mesmo depois de 14 anos casada nunca deixara de ser vaidosa, andava sempre cheirosa e
bem arrumada, era bonita mesmo, talvez até sexy, por isso, ele a desejava, tanto quanto ela a ele.
   Chegaram, não existia mais ninguém, eram apenas dois corpos juntos, no cio, exercitando um instinto animal que ambos sentiam um pelo outro, não tinha amor, era só uma avassaladora vontade de ser um só corpo em diversas posições, posições inimagináveis, sem parar, era a mistura de raças, os beijos vorazes, os movimentos, os sussurros, os tapas, apertos e mordidas... Foram quatro horas de muito gozo e prazer e sem qualquer limitação ela se entregou aquele homem que ela não sabia o passado, mal o presente e menos ainda o futuro, eles estavam ali e só aquele momento importava. Não sabiam se hora passava rápido demais ou se era uma eternidade, porque a curtição do momento era infinita.
   Só quatro horas, acabou o prazer, acabou o sexo, sobrou uma mulher, marcada, exausta, voltando para realidade, aquele dia nada lhe aborreceria, a vingança estava realizada, mesmo “arrombada” ela estava feliz, e teve um dia de trabalho tranqüilo, mas seu futuro era incerto. Ela achou que passaria despercebida, o marido notara a exaustão, notara também as roupas e a lingerie escolhida pela manhã. Não deixaria passar em branco, não ficaria com a desconfiança, então no dia seguinte a convidou para almoçar, ela foi, afinal o clima não estava bom, talvez até melhorasse. Bem, num almoço ele não iria ver as marcas da manhã passada.
   Ela enganou-se. Saíram de carro ele a levou direto para um motel, ela pensou logo, o casamento já estava acabado, agora então não sobraria mais nada da união de 14 anos, ele descobriria as marcas na pele branca, descobriria também que ela não teve limitações na manhã anterior com outro homem, que se deu inteirinha, os vestígios estavam ainda visíveis. E ele viu. Ele viu, indignou-se com o que viu e teve uma reação que ela não esperava, ele a pegou como nunca antes, transaram louca e incansavelmente, fizeram amor e fazem agora sempre, todos os dias.